quarta-feira, 22 de abril de 2009

Como o Diabo Gosta

Não é preciso pessimismo nem má-vontade para perceber que o Estado de Santa Catarina mais parece um feudo sem freios, cujo processo político transita à margem do contraditório.

No Parlamento, os apetites pessoais e partidários reduziram a resistência das oposições. Cooptadas por sucessivos e oportunistas ajustes, hoje deixam o trânsito livre para o Executivo — que tem aprovado tudo o quer, e do jeito que quer.

A escolha dos membros do Tribunal de Contas atende a conveniências eleitorais, ficando em segundo plano o compromisso com a qualificação do órgão para o resgate de suas relevantes funções institucionais, condição inarredável para o efetivo controle da aplicação dos recursos públicos.

A Ordem dos Advogados do Brasil e o Ministério Público mantêm um silêncio protocolar, aquietados estrategicamente dentro das fronteiras de seus interesses corporativos.

Na composição do quinto constitucional, junto à Corte de Justiça do Estado, as afeições pessoais ao Governo têm tido influência maior do que a vocação e o preparo técnico dos candidatos — porque, na ordem dos valores, mais importante é que o sistema jurisdicional, se não puder ajudar, pelo menos não atrapalhe os projetos do Governo.

A imprensa fundiu-se em monopólio e cartelizou o conteúdo da informação, estimulando a vassalagem dos gestores públicos e mitigando o senso crítico da população. É comum, nos textos e nas imagens da mídia, ver realçado mais aquilo que convém aos detentores do poder do que aspectos pontuais e relevantes da notícia, que a sociedade precisaria conhecer.

É um cenário preocupante — como o Diabo gosta!

2 comentários:

  1. Muito bom! Espero que não se importe: tomarei a liberdade de citar o seu blog e em especial este artigo (que transcreverei), no meu blog (www.deolhonacapital.com.br). Grato.

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  2. Preclaro (bom, não?). Tomo a liberdade de reproduzir meu comentário ao artigo postado no Blog do jornalista Cesar Valente:
    "Clap clap clap. Disse quase tudo. Diante da subserviência interesseira das instituições o artigo é um enorme avanço sobre o abissal silêncio e vista grossa, que deixam o menagè entre o Executivo, Oab e parcela do Parquet bem ao sabor que o diabo gosta." Irreprochável. Tem instituiçào vivendo de 'mesada' - ad exemplum tantum, os 10% que a OAB leva sobre as certidões emitidas pelo juízo para os advogados dativos. Tá uma celeuma encarniçada nos subterrâneos sobre quem deveria recolher os encargos cobrados pela repartição competente da OAB. É apenas um grão de milho velho no paiol em que estão guardados este dentre outros mistérios.

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