A notícia corrente, amparada em fontes do Tribunal de Contas da União, é de que cerca de 38 mil convênios federais deixaram de ser monitorados em 2008, envolvendo um volume de recursos da ordem de 13 bilhões de reais. Significa que não se sabe se o dinheiro chegou ao destino; e, se chegou, se foi regularmente distribuído. Ao mesmo tempo, as primeiras informações vazadas da CPI da Petrobrás estarrecem. Mesmo com a ministra Dilma Roussef na presidência do Conselho de Administração, a estatal, apesar dos seus 650 advogados, gastou sem licitação 180 milhões de reais em consultoria jurídica; e teria viabilizado o repasse de outros 8,5 milhões para as campanhas eleitorais do PT, em 2006 e 2008. Mas não tem jeito, a CPI não decola. A preferência oficial é pelas sombras.
Curioso é que a Controladoria-Geral da União - CGU, órgão federal criado para prevenir e combater a corrupção, paradoxalmente, não está nem aí. Cheia de pose, aproveita para trilhar o país promovendo o programa “Olho Vivo no Dinheiro Público”. Dia 22 deste mês (junho de 2009), abre o 5º Encontro de Mobilização, no auditório da universidade federal em Florianópolis. Circularam centenas (talvez milhares) de convites, com timbre oficial da Presidência da República e tudo, destacando inclusive a participação oficial do Ministério Público. Sem dúvida, uma oportuna tentativa de tapar os olhos da população, para que não perceba que o grande responsável pelo sumiço e malversação do dinheiro público não tem sido ninguém mais ninguém menos do que o próprio Governo.
A CGU, sabidamente, é apenas instrumento subalterno da Presidência da República. Ocupa-se com a espionagem administrativa dentro das linhas aliadas e tem a missão de posar para o público com a roupagem (obviamente, falsa) de paladino da moralidade, tal como faz agora na difusão do programa “Olho Vivo no Dinheiro Público”. Por isso, não causa surpresa que tenha a cara-de-pau de trazer a encenação para o campus universitário. Afinal, é um território fértil para plantios ideológicos, com perspectiva de boas colheitas. A surpresa maior, na verdade, fica por conta do Ministério Público, ao permitir sua inclusão no elenco da pantomima — depois de ter recebido da sociedade os meios e a legitimação para defendê-la com absoluta independência. Com todas a vênias, na atual conjuntura histórica, é uma parceira que não engrandece. A solidão seria mais honrosa.
sexta-feira, 12 de junho de 2009
OLHO VIVO
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